Mundifios globetrotter
01/12/2013

Implementada e reconhecida em Portugal como fornecedora de fios, há menos de dois anos a Mundifios decidiu, face às oportunidades do mercado, alterar o pressuposto do seu negócio e arriscou investir na área produtiva. «No caso da fiação em Portugal, tem a ver com a continuidade de uma coleção e de um valor acrescentado que apresentávamos aos nossos clientes», justifica Joaquim Fernandes. Dos “escombros” da Fiação de Covas, que entrou em insolvência, surgiu
assim a Inovafil, que neste momento emprega cerca de 90 pessoas e representa 8% a 10% do volume de negócios do grupo Mundifios. «É uma percentagem razoável e que consegue responder às exigências do mercado», afirma o administrador, que ressalva que «somos uma empresa com uma cultura profundamente
comercial e é na área comercial que nos sentimos bem». Para além da fiação em Portugal, a empresa está envolvida num projeto algodoeiro em Moçambique, juntamente com um parceiro local e as portuguesas Mundotêxtil e Crispim Abreu. O Mozambique Cotton Manufacturers tem experimentado, contudo, uma evolução lenta, não pelos recentes problemas de segurança no país, que a empresa diz não ter sentido, mas pelas dificuldades logísticas e burocráticas. «O projeto está a
correr bem mas tem algum atraso na execução. Quando se chega a Moçambique são tudo facilidades, mas depois começam as dificuldades», revela Joaquim Fernandes. Neste momento, o projeto está na sua primeira fase – a montagem da fiação. «A segunda fase é a implementação da tecelagem, a terceira a tinturaria e acabamentos e a quarta fase é a implantação de um cluster industrial têxtil que inclui a construção de um parque industrial com todas as valências, para dar mais
consistência a este grande investimento e associá-lo também a outras vertentes do têxtil», enumera.


Um projeto que vai alargar a influência internacional da empresa, que atualmente realiza 30% do seu volume de negócios nos mercados externos.
«Já atingimos esse valor há dois anos e temos muita dificuldade em crescer, porque o mercado europeu, onde iniciamos a internacionalização, é um mercado pequeno e muito competitivo», esclarece o administrador.


Quanto a 2013, a Mundifios espera uma performance inferior à de 2012, ano em que o volume de negócios rondou os 71,4 milhões de euros. «Tem a ver com uma
política de crédito restritiva que fomos obrigados a adotar e também à entrada de alguns players no mercado que pressionaram os preços e não nos permitiram crescer nem manter», assume. Para o futuro, a empresa coloca o cliente no centro da sua estratégia. «Vamos tentar ser o mais competitivos possível,
apresentando os preços mais baixos para ganhar encomendas e aumentar o leque de produtos em stock para poder responder às suas necessidades,
principalmente nos fios daquilo que se chama pronto moda», conclui o administrador da Mundifios.



in: Jornal Têxtil - DEZEMBRO 2013 nº 179